Antes das eleições falava-se que seria uma loucura para as finanças e para o resto da economia os 7 mil milhões de Euros que custava a rede de TGV que o governo se propõe fazer.
Por outro lado o governo fala na necessidade de aumentar a produtividade do país. Ora para aumentar a produtividade do país em termos ferroviário bastava completar a linha já existente e que nunca entrou em funcionamento precisamente porque não se completou, para ligar Sines a Madrid.
Sim Sines pois é em Sines que se encontra o único porto de águas profundas da península ibérica. Para a nossa competitividade mais importante do que passageiros é transportar mercadorias.
Mas dizer isto não basta, pois as mercadorias necessitam de percursos longos para ligar, sem mudança de comboio ou rodados, Sines/Lisboa ao resto da Europa.
Então a minha afirmação anterior fica em causa pois a linha existente e que falta completar para poder entrar em funcionamento está em bitola ibérica. Sendo a única bitola Europeia existente em Espana a do TGV (se não estou em erro o TGV espanhol já foi construído em bitola Europeia e todo este meu texto se baseia nessa presunção).
Bitola é a largura da via, isto é o espaço entre cada um dos 2 carris de uma linha, ou se preferirem o espaço entre a roda direita e a roda esquerda do comboio.
Então para rentabilizar os portos de Sines, Setúbal e Lisboa já faz sentido que se use o TGV Espanhol.
Mas para usarmos as linhas do TGV espanhol seria necessário construir o prolongamento da linha Badajoz-Sines-Setubal em bitola europeia. Bitola europeia não quer dizer necessariamente TGV. Podia simplesmente aproveitar-se a linha já existente, completa-la e diminuir as vias para a bitola europeia.
De qualquer forma as madeiras usadas nessa linha já devem estar podres e portanto teria que se trocar de qualquer forma essas madeiras, Para a transformar em bitola europeia basta que nesse processo se colocassem os carris um pouco mais juntos.
Não sei quanto custaria completar e requalificar essa linha mas acredito que seria muitíssimo mais barato do que construir uma nova linha, de alta velocidade, paralela à existente que nunca foi completada.
Dessa forma aumentaria a competitividade do nosso comércio internacional sem comprometer as gerações futuras com o endividamento que o TGV nos vai trazer.
A única razão para se fazer o que o governo está a fazer com a linha TGV Poceirão-Caia hoje adjudicada é se também for necessário o transporte de passageiros. É uma opção política que seria justificada se o estudo de viabilidade económica fosse favorável.
Acontece que a opção do governo é de APENAS passageiros. Deitando por terra qualquer aumento de competitividade do nosso comércio internacional.
Tudo isto cheira-me a um negócio da china, com o dinheiro do contribuinte, para encher alguns bolsos.
Como disse no início deste texto, pressuponho que o TGV espanhol já tenha sido construído em bitola europeia.
O que eu sei é que o governo espanhol se prepara para gastar 5 mil milhões de Euros na transformação de TODA a sua vasta rede ferroviária para a bitola europeia. Não sei se o TGV espanhol está incluído ou se este já está em bitola Europeia.
Ora este número revela que é muito mais barato transformar uma linha existente do que construir uma nova, tal como eu sugeri.
Acontece que se a bitola do TGV espanhol ainda for a ibérica então é mais uma razão para adiarmos os nossos planos de TGV para quando essa transformação espanhola estiver concluída, pelo menos nos troços que nos dizem respeito: França-Badajoz-Sines e eventualmente França-Vigo-Porto-Sines.
Reparem que eu nunca mencionei Lisboa pois considero que a extensão do TGV a Lisboa deve ser apenas até o Aeroporto de Lisboa, perto de Alcochete, sem necessidade de construir uma nova ponte ferroviária para ligar o aeroporto ao centro de Lisboa.
Ainda por cima a ponte projectada pelo governo para ligar o aeroporto de Alcochete ao centro de Lisboa vai dar a volta pelo Barreiro!
Ora é minha opinião que para isso então escusa-se de construir uma nova ponte, basta ligar Lisboa ao Aeroporto construindo a apenas uma extensão Almada-Barreiro-Aeroporto por linha ferroviária urbana para melhor servir as populações (incluindo a ligação já existente a Sintra, Cascais, e Vila Franca de Xira), e o TGV começar apenas no Aeroporto.
Lembro que o TGV não é alternativa nem ao carro/autocarro nem ao actual comboio de passageiros pois os preços dos bilhetes serão comparáveis aos preços do bilhete de avião.
Os clientes do TGV são os clientes actuais do avião.
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