quarta-feira, 16 de dezembro de 2009
O Natal e a Economia
sábado, 12 de dezembro de 2009
TGV - Esquizofrenia
Por outro lado o governo fala na necessidade de aumentar a produtividade do país. Ora para aumentar a produtividade do país em termos ferroviário bastava completar a linha já existente e que nunca entrou em funcionamento precisamente porque não se completou, para ligar Sines a Madrid.
Sim Sines pois é em Sines que se encontra o único porto de águas profundas da península ibérica. Para a nossa competitividade mais importante do que passageiros é transportar mercadorias.
Mas dizer isto não basta, pois as mercadorias necessitam de percursos longos para ligar, sem mudança de comboio ou rodados, Sines/Lisboa ao resto da Europa.
Então a minha afirmação anterior fica em causa pois a linha existente e que falta completar para poder entrar em funcionamento está em bitola ibérica. Sendo a única bitola Europeia existente em Espana a do TGV (se não estou em erro o TGV espanhol já foi construído em bitola Europeia e todo este meu texto se baseia nessa presunção).
Bitola é a largura da via, isto é o espaço entre cada um dos 2 carris de uma linha, ou se preferirem o espaço entre a roda direita e a roda esquerda do comboio.
Então para rentabilizar os portos de Sines, Setúbal e Lisboa já faz sentido que se use o TGV Espanhol.
Mas para usarmos as linhas do TGV espanhol seria necessário construir o prolongamento da linha Badajoz-Sines-Setubal em bitola europeia. Bitola europeia não quer dizer necessariamente TGV. Podia simplesmente aproveitar-se a linha já existente, completa-la e diminuir as vias para a bitola europeia.
De qualquer forma as madeiras usadas nessa linha já devem estar podres e portanto teria que se trocar de qualquer forma essas madeiras, Para a transformar em bitola europeia basta que nesse processo se colocassem os carris um pouco mais juntos.
Não sei quanto custaria completar e requalificar essa linha mas acredito que seria muitíssimo mais barato do que construir uma nova linha, de alta velocidade, paralela à existente que nunca foi completada.
Dessa forma aumentaria a competitividade do nosso comércio internacional sem comprometer as gerações futuras com o endividamento que o TGV nos vai trazer.
A única razão para se fazer o que o governo está a fazer com a linha TGV Poceirão-Caia hoje adjudicada é se também for necessário o transporte de passageiros. É uma opção política que seria justificada se o estudo de viabilidade económica fosse favorável.
Acontece que a opção do governo é de APENAS passageiros. Deitando por terra qualquer aumento de competitividade do nosso comércio internacional.
Tudo isto cheira-me a um negócio da china, com o dinheiro do contribuinte, para encher alguns bolsos.
Como disse no início deste texto, pressuponho que o TGV espanhol já tenha sido construído em bitola europeia.
O que eu sei é que o governo espanhol se prepara para gastar 5 mil milhões de Euros na transformação de TODA a sua vasta rede ferroviária para a bitola europeia. Não sei se o TGV espanhol está incluído ou se este já está em bitola Europeia.
Ora este número revela que é muito mais barato transformar uma linha existente do que construir uma nova, tal como eu sugeri.
Acontece que se a bitola do TGV espanhol ainda for a ibérica então é mais uma razão para adiarmos os nossos planos de TGV para quando essa transformação espanhola estiver concluída, pelo menos nos troços que nos dizem respeito: França-Badajoz-Sines e eventualmente França-Vigo-Porto-Sines.
Reparem que eu nunca mencionei Lisboa pois considero que a extensão do TGV a Lisboa deve ser apenas até o Aeroporto de Lisboa, perto de Alcochete, sem necessidade de construir uma nova ponte ferroviária para ligar o aeroporto ao centro de Lisboa.
Ainda por cima a ponte projectada pelo governo para ligar o aeroporto de Alcochete ao centro de Lisboa vai dar a volta pelo Barreiro!
Ora é minha opinião que para isso então escusa-se de construir uma nova ponte, basta ligar Lisboa ao Aeroporto construindo a apenas uma extensão Almada-Barreiro-Aeroporto por linha ferroviária urbana para melhor servir as populações (incluindo a ligação já existente a Sintra, Cascais, e Vila Franca de Xira), e o TGV começar apenas no Aeroporto.
Lembro que o TGV não é alternativa nem ao carro/autocarro nem ao actual comboio de passageiros pois os preços dos bilhetes serão comparáveis aos preços do bilhete de avião.
Os clientes do TGV são os clientes actuais do avião.
sábado, 28 de novembro de 2009
Governo acusa oposição de despesismo?!!
sábado, 21 de novembro de 2009
Portugal precisa de menos Estado.
Enegia e Negócios
Em Energia e negócios o Eng. Pinto de Sá fala essencialmente em:
- Como estamos caminhando para um grande apagão nacional e mesmo ibérico devido à forma descuidada como estamos a construir a nossa rede energética renovável (Eólica + mini-hidricas de acumulação eólica)
Ler também: Os apagões, o nuclear e as eólicas em http://a-ciencia-nao-e-neutra.blogspot.com/2009/11/os-apagoes-o-nuclear-e-as-eolicas.html
quarta-feira, 11 de novembro de 2009
Aumento salarial ou eleitoralismo?
quinta-feira, 5 de novembro de 2009
SEF multa empresas por contratarem imigrantes ilegais
terça-feira, 3 de novembro de 2009
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ECONOMIA
Antigo governante lança críticas ao Governo
Medina Carreira: agricultura é que nos vai tirar da crise
Para Medina Carreira, ex-ministro das Finanças, só há uma solução para Portugal: «temos de investir nas batatas e nos legumes. Só através do investimento no sector primário e secundário, para exportar, conseguiremos sair da crise».
O antigo governante falou durante a apresentação do seu livro «Portugal que futuro» e foi, mais uma vez, crítico das políticas governativas. Para o economista vivemos num «ciclo de endividamento e défice crónico» e de onde só há uma saída possível: «aumentar a produção para criar riqueza».
Para isso é preciso «criar uma economia de mercado livre» e guardar «todo o dinheiro que nos emprestam» para combater o endividamento, em vez de o esbanjar.
«Neste momento, cada português deve 16 mil euros, mas daqui a cinco anos deverá muito mais», exemplificou o economista.
Opção contrária foi a tomada pelo actual Governo. Segundo o ex-ministro das Finanças, o programa do PS «não altera nada» de essencial. «Só aposta nas obras públicas. Com mais auto-estradas só vamos criar condições para fugir daqui».
«Outra preocupação é os homossexuais. Se andarmos preocupados com os homossexuais quando o país está a morrer, nem eles sobrevivem», ironizou o economista.
Neste sentido, Portugal «caminha para situação financeira cada vez mais desequilibrada», o que, «em certa medida, se torna numa bomba-relógio».
Ex-ministro apela a entendimento entre PS e PSD
Por isso, o economista alerta que «é preciso criar um entendimento entre os dois principais partidos políticos», embora considere que «nem os activos políticos nem os inactivos sabem alguma coisa».
Mas, Medina Carreira vai mais longe e põe em causa o futuro da democracia em Portugal. «Se os políticos continuarem a fazer política apenas para hoje e amanhã o regime republicano vai ter um fim muito desagradável».
Nessa óptica de descrença, o ex-governante afasta qualquer candidatura ao cargo de Presidente da República. «O Presidente hoje não tem poder para mudar nada. Pode dissolver a Assembleia da República mas é raro, pode dirigir mensagens ao Parlamento, mas o actual não o faz», respondeu o antigo ministro aos jornalistas.
quinta-feira, 29 de outubro de 2009
Dívida portuguesa em alerta negativo
terça-feira, 20 de outubro de 2009
Petróleo está a subir?
sábado, 26 de setembro de 2009
Vira o disco e toca o mesmo
quarta-feira, 23 de setembro de 2009
Pensionistas pagam mais impostos
http://www.agenciafinanceira.iol.pt/noticia.php?id=1090880&div_id=1730
o TGV é um concorrente do avião e não do comboio ou carro
TGV será «o maior fiasco financeiro dos últimos 50 anos»
http://www.agenciafinanceira.iol.pt/noticia.php?id=1090828&div_id=1730
terça-feira, 22 de setembro de 2009
Mais uma investida de José Sócrates contra a liberdade de expressão.
Jornalista escreveu artigo de opinião a criticar primeiro-ministro
Sócrates requer abertura de processo contra jornalista João Miguel Tavares
21.09.2009 - 21h35 PÚBLICO
http://ultimahora.publico.clix.pt/noticia.aspx?id=1401706&idCanal=61
O Ministério Público tinha determinado que o processo fosse arquivado, considerando que o artigo de opinião, “José Sócrates, o Cristo da política portuguesa”, publicado no "Diário de Notícias", não ultrapassava os limites da crítica a Sócrates, enquanto figura pública. O primeiro-ministro, ao pedir a abertura de instrução do processo, mostra vontade de continuar com o litígio.
O artigo de 3 de Março deste ano criticava o líder socialista quando este pediu “a decência da vida democrática”, durante a abertura de um congresso. João Miguel Tavares defendeu que Sócrates deveria manter o “mínimo de decoro e recato em matérias de moral”, depois de ser confrontado com as polémicas da sua licenciatura, do Freeport, entre outros casos.
Para o jornalista, ainda mais grave foram as declarações feitas por José Sócrates que insinuavam a sua ilibação automática por ter sido o governante mais votado pelo povo, mantendo uma lógica semelhante à de Fátima Felgueiras ou Valentim Loureiro. Tavares termina o seu texto de opinião comparando o primeiro-ministro ao líder da Venezuela. “Como político e como primeiro-ministro, não faltarão qualidades a José Sócrates. Como democrata, percebe-se agora porque gosta tanto de Hugo Chávez."
Na altura em que o processo foi arquivado o jornalista disse ao PÚBLICO que esperava que a decisão do MP fosse a do arquivamento do processo, já que no passado tinha escrito "coisas mais violentas sobre Pedro Santana Lopes e Manuela Ferreira Leite e que nenhum deles o processou".
O primeiro-ministro já processou nove jornalistas. Cinco são da TVI, três do PÚBLICO e um do DN.
segunda-feira, 21 de setembro de 2009
Filme impróprio para pais
http://cinecartaz.publico.pt/filme.asp?id=238597
sexta-feira, 18 de setembro de 2009
O Favor do Estado e os Partidos
sábado, 12 de setembro de 2009
Governo deu orientações para votar contra OPA sobre a PT
quinta-feira, 10 de setembro de 2009
A Verdade Fiscal de Portugal Vs Espanha
Em http://www.agenciafinanceira.iol.pt/noticia.php?id=1088093&div_id=1730 a Economista Manuela Ferreira Leite (PSD) diz em relação ao esforço fiscal dos portugueses os seguinte:
«Enquanto não reduzirmos a carga fiscal, Portugal não vai crescer»
terça-feira, 1 de setembro de 2009
Mais quatro concessões rodoviárias
http://www.agenciafinanceira.iol.pt/noticia.php?id=1085895&div_id=1730
domingo, 30 de agosto de 2009
TGV Lisboa-Barreiro?!!
http://www.agenciafinanceira.iol.pt/noticia.php?id=1085564&div_id=1728
quarta-feira, 29 de julho de 2009
Governo de Sócrates conseguiu reduzir despesa?
http://noticias.pt.msn.com/article.aspx?cp-documentid=148859104
Quando li este título, em vários jornais e telejornais, até fiquei aliviado e pensei: “afinal ao contrário do que vem nos manuais de política económica, este governo conseguiu reduzir a despesa” Mas quando fui ler o artigo na íntegra reparo que o valor considerado não é nem o valor nominal nem o valor real mas sim o valor em percentagem do PIB!!!
Ora, qualquer economista sério dirá que isto não passa de manipulação de números, se queremos ser sérios nesta análise devíamos olhar para o valor real (valor nominal corrigido da inflação).
Portanto, esta notícia não passa de manipulação dos números e vem na orientação que José Sócrates tem defendido em fazer análises em percentagem do PIB em vez de fazer análises em valores reais.
Ora para este estudo ser sério devia ter em consideração os valores reais da despesa do Estado. Só assim é que se pode comparar de um ano para o outro.
Se este estudo fosse até este ano então, usando o mesmo critério da percentagem sobre o PIB, os resultados seriam inversos e o mesmo autor concluiria o contrário: Governo de Sócrates aumentou a despesa.
Portanto este estudo não tem a mínima seriedade e os jornalistas deviam ter mais formação económica antes de darem visibilidade a este mero exercício de manipulação.
segunda-feira, 27 de julho de 2009
¿Por qué fracasa el comunismo?
Quem tiver tempo agradeço que traduza para português.
Un reconocido profesor de economía de la Universidad norteamericana Texas Tech alegó que él nunca había reprobado a uno de sus estudiantes pero que, en una ocasión, tuvo que raspar la clase entera. Cuenta que esa clase le insistió que el comunismo sí funcionaba, que en éste sistema no existían ni pobres ni ricos, sino un igualitarismo total.
El profesor les propuso a sus alumnos hacer un experimento en clase sobre el comunismo: Todas las notas iban a ser promediadas y a todos los estudiantes se les asignaría la misma nota de forma que nadie sería reprobado y nadie sacaría una A.
· Después del primer examen, las notas fueron promediadas y todos los estudiantes sacaron B. Los estudiantes que se habían preparado muy bien estaban molestos y los estudiantes que estudiaron poco estaban contentos.
· Pero, cuando presentaron el segundo examen, los estudiantes que estudiaron poco estudiaron aún menos, y los estudiantes que habían estudiado duro decidieron no trabajar tan duro ya que no iban a lograr obtener una A; y, así, también estudiaron menos. ¡El promedio del segundo examen fue D! Nadie estuvo contento.
· Pero cuando se llevó a cabo el tercer examen, toda la clase sacó F: ¡Raspados todos!
Las notas nunca mejoraron. Los estudiantes empezaron a pelear entre si, culpándose los unos a los otros por las malas notas hasta llegar a insultos y resentimientos, ya que ninguno estaba dispuesto a estudiar para que se beneficiara otro que no lo hacía.
Para el asombro de toda la clase, ¡Todos perdieron el año! Y el profesor les preguntó si ahora entendían la razón del gran fracaso del comunismo.
Es sencillo; simplemente se debe a que el ser humano está dispuesto a sacrificarse trabajando muy duro cuando la recompensa es muy atractiva y justifica el esfuerzo; pero cuando el gobierno quita ese incentivo, nadie va a hacer el sacrificio necesario para lograr la excelencia.
Finalmente, el fracaso será general.Nota: Winston Churchill, premio Nobel en 1953 dijo al respecto, "es la filosofía del fracaso, el credo de los ignorantes, la predica de la envidia, su misión es distribuir la miseria de forma igualitaria para el pueblo.
sábado, 18 de julho de 2009
Porque é tão difícil simplificar?
Para uma organização (ou Estado) ser mais eficaz por vezes tem que ser menos eficiente, mais simples e desburocratizada, o que a torna mais magra e ágil. No entanto, quando alguém tem soluções para este problema fica completamente esmagado pelos lobbies instituídos, até se convencer que a sua solução é mais um problema do que solução.
"Tudo o que o senhor disse esta muito bem, mas não funciona na prática. O que o senhor faria, por exemplo, com os anemotécnicos, caso viéssemos a aplicar a sua teoria? Onde seria empregado todo o conhecimento dos acendedores de diversas
especialidades?".
"Não sei", disse João.
"E os especialistas em sementes? Em arvores importadas? E os desenhistas de instalações para porcos, com suas maquinas purificadores automáticas de ar?".
"Não sei" respondeu o João.
"E os anemotécnicos que levaram anos especializando-se no exterior, e cuja formação custou tanto dinheiro ao pais? Vou manda-los limpar porquinhos? E os conferencistas e estudiosos, que ano após ano tem trabalhado no Programa de Reforma e Melhoramentos? Que faço com eles, se a sua solução resolver tudo? Heim?".
"Não sei", repetiu João, encabulado.
"O senhor percebe, agora, que a sua idéia não vem ao encontro daquilo de que necessitamos? O senhor não vê que se tudo fosse tão simples, nossos especialistas já teriam encontrado a solução há muito tempo atrás? O senhor, com certeza, compreende que eu não posso simplesmente convocar os anemotécnicos e dizer-lhes que tudo se resume a utilizar brasinhas, sem chamas! O que o senhor espera que eu faça com os quilómetros e quilómetros de bosques já preparados, cujas arvores não dão frutos e nem tem folhas para dar sombra? Vamos, diga-me?".
"Não sei, não, senhor".
"Diga-me, nossos três engenheiros em Porcopirotecnia, o senhor não considera que sejam personalidades científicas do mais extraordinário valor?".
"Sim, parece que sim".
"Pois então. O simples fato de possuirmos valiosos engenheiros em Porcopirotecnia indica que nosso sistema é muito bom. O que eu faria com indivíduos tão importantes para o país?"
"Não sei".
"Viu? O senhor tem que trazer soluções para certos problemas específicos - por exemplo, como melhorar as anemotécnicas actualmente utilizadas, como obter mais rapidamente acendedores de Oeste (nossa maior carência) ou como construir instalações para porcos com mais de sete andares. Temos que melhorar o sistema, e não transforma-lo radicalmente, o senhor, entende? Ao senhor, falta-lhe sensatez!".
"Realmente, eu estou perplexo!", respondeu João.
"Bem, agora que o senhor conhece as dimensões do problema, não saia dizendo por ai que pode resolver tudo. O problema é bem mais sério e complexo do que o senhor imagina. Agora, entre nós, devo recomendar-lhe que não insista nessa sua idéia - isso poderia trazer problemas para o senhor no seu cargo. Não por mim, o senhor entende. Eu falo isso para o seu próprio bem, porque eu o compreendo, entendo perfeitamente o seu posicionamento, mas o senhor sabe que pode encontrar outro superior menos compreensivo, não é mesmo?".
terça-feira, 7 de julho de 2009
Conversa entre um Espanhol e um Português:
Segunda-feira passada, a meio da tarde, faço a A-6, em direcção a Espanha e na companhia de uma amiga estrangeira; quarta-feira de manhã, refaço o mesmo percurso, em sentido inverso, rumo a Lisboa. Tanto para lá como para cá, é uma auto-estrada luxuosa e fantasma. Em contrapartida, numa breve incursão pela estrada nacional, entre Arraiolos e Borba, vamos encontrar um trânsito cerrado, composto esmagadoramente por camiões de mercadorias espanhóis. Vinda de um país onde as auto-estradas estão sempre cheias, ela está espantada com o que vê:
- É sempre assim, esta auto-estrada?
- Assim, como?
- Deserta, magnífica, sem trânsito?
- É, é sempre assim.
- Todos os dias?
- Todos, menos ao domingo, que sempre tem mais gente.
- Mas, se não há trânsito, porque a fizeram?
- Porque havia dinheiro para gastar dos Fundos Europeus, e porque diziam que o desenvolvimento era isto.
- E têm mais auto-estradas destas?
- Várias e ainda temos outras em construção: só de Lisboa para o Porto, vamos ficar com três. Entre S. Paulo e o Rio de Janeiro, por exemplo, não há nenhuma: só uns quilómetros à saída de S. Paulo e outros à chegada ao Rio. Nós vamos ter três entre o Porto e Lisboa: é a aposta no automóvel, na poupança de energia, nos acordos de Quioto, etc. - respondi, rindo-me.
- E, já agora, porque é que a auto-estrada está deserta e a estrada nacional está cheia de camiões?
- Porque assim não pagam portagem.
- E porque são quase todos espanhóis?
- Vêm trazer-nos comida.
- Mas vocês não têm agricultura?
- Não: a Europa paga-nos para não ter. E os nossos agricultores dizem que produzir não é rentável.
- Mas para os espanhóis é?
- Pelos vistos...
Ela ficou a pensar um pouco e voltou à carga:
- Mas porque não investem antes no comboio?
- Investimos, mas não resultou.
- Não resultou, como?
- Houve aí uns experts que gastaram uma fortuna a modernizar a linha Lisboa-Porto, com comboios pendulares e tudo, mas não resultou.
- Mas porquê?
- Olha, é assim: a maior parte do tempo, o comboio não 'pendula'; e, quando 'pendula', enjoa de morte. Não há sinal de telemóvel nem Internet, não há restaurante, há apenas um bar infecto e, de facto, o único sinal de 'modernidade' foi proibirem de fumar em qualquer espaço do comboio. Por isso, as pessoas preferem ir de carro e a companhia ferroviária do Estado perde centenas de milhões todos os anos.
- E gastaram nisso uma fortuna?
- Gastámos. E a única coisa que se conseguiu foi tirar 25 minutos às três horas e meia que demorava a viagem há cinquenta anos...
- Estás a brincar comigo!
- Não, estou a falar a sério!
- E o que fizeram a esses incompetentes?
- Nada. Ou melhor, agora vão dar-lhes uma nova oportunidade, que é encherem o país de TGV: Porto-Lisboa, Porto-Vigo, Madrid-Lisboa... e ainda há umas ameaças de fazerem outro no Algarve e outro no Centro.
- Mas que tamanho tem Portugal, de cima a baixo?
- Do ponto mais a norte ao ponto mais a sul, 561 km.
Ela ficou a olhar para mim, sem saber se era para acreditar ou não.
- Mas, ao menos, o TGV vai directo de Lisboa ao Porto?
- Não, pára em várias estações: de cima para baixo e se a memória não me falha, pára em Aveiro, para os compensar por não arrancarmos já com o TGV deles para Salamanca; depois, pára em Coimbra para não ofender o prof. Vital Moreira, que é muito importante lá; a seguir, pára numa aldeia chamada Ota, para os compensar por não terem feito lá o novo aeroporto de Lisboa; depois, pára em Alcochete, a sul de Lisboa, onde ficará o futuro aeroporto; e, finalmente, pára em Lisboa, em duas estações.
- Como: então o TGV vem do Norte, ultrapassa Lisboa pelo sul, e depois volta para trás e entra em Lisboa?
- Isso mesmo.
- E como entra em Lisboa?
- Por uma nova ponte que vão fazer.
- Uma ponte ferroviária?
- E rodoviária também: vai trazer mais uns vinte ou trinta mil carros todos os dias para Lisboa.
- Mas isso é o caos, Lisboa já está congestionada de carros!
- Pois é.
- E, então?
- Então, nada. São os especialistas que decidiram assim.
Ela ficou pensativa outra vez. Manifestamente, o assunto estava a fasciná-la.
- E, desculpa lá, esse TGV para Madrid vai ter passageiros? Se a auto-estrada está deserta...
- Não, não vai ter.
- Não vai? Então, vai ser uma ruína!
- Não, é preciso distinguir: para as empresas que o vão construir e para os bancos que o vão capitalizar, vai ser um negócio fantástico! A exploração é que vai ser uma ruína - aliás, já admitida pelo Governo - porque, de facto, nem os especialistas conseguem encontrar passageiros que cheguem para o justificar.
- E quem paga os prejuízos da exploração: as empresas construtoras?
- Naaaão! Quem paga são os contribuintes! Aqui a regra é essa!
- E vocês não despedem o Governo?
- Talvez, mas não serve de muito: quem assinou os acordos para o TGV com Espanha foi a oposição, quando era governo...
- Que país o vosso! Mas qual é o argumento dos governos para fazerem um TGV que já sabem que vai perder dinheiro?
- Dizem que não podemos ficar fora da Rede Europeia de Alta Velocidade.
- O que é isso? Ir em TGV de Lisboa a Helsínquia?
- A Helsínquia, não, porque os países escandinavos não têm TGV.
- Como? Então, os países mais evoluídos da Europa não têm TGV e vocês têm de ter?
- É, dizem que assim entramos mais depressa na modernidade.
Fizemos mais uns quilómetros de deserto rodoviário de luxo, até que ela pareceu lembrar-se de qualquer coisa que tinha ficado para trás:
- E esse novo aeroporto de que falaste, é o quê?
- O novo aeroporto internacional de Lisboa, do lado de lá do rio e a uns 50 quilómetros de Lisboa.
- Mas vocês vão fechar este aeroporto que é um luxo, quase no centro da cidade, e fazer um novo?
- É isso mesmo. Dizem que este está saturado.
- Não me pareceu nada...
- Porque não está: cada vez tem menos voos e só este ano a TAP vai cancelar cerca de 20.000. O que está a crescer são os voos das low-cost, que, aliás, estão a liquidar a TAP.
- Mas, então, porque não fazem como se faz em todo o lado, que é deixar as companhias de linha no aeroporto principal e chutar as low-cost para um pequeno aeroporto de periferia? Não têm nenhum disponível?
- Temos vários. Mas os especialistas dizem que o novo aeroporto vai ser um hub ibérico, fazendo a trasfega de todos os voos da América do Sul para a Europa: um sucesso garantido.
- E tu acreditas nisso?
- Eu acredito em tudo e não acredito em nada. Olha ali ao fundo: sabes o que é aquilo?
- Um lago enorme! Extraordinário!
- Não: é a barragem de Alqueva, a maior da Europa.
- Ena! Deve produzir energia para meio país!
- Praticamente zero.
- A sério? Mas, ao menos, não vos faltará água para beber!
- A água não é potável: já vem contaminada de Espanha.
- Já não sei se estás a gozar comigo ou não, mas, se não serve para beber, serve para regar - ou nem isso?
- Servir, serve, mas vai demorar vinte ou mais anos até instalarem o perímetro de rega, porque, como te disse, aqui acredita-se que a agricultura não tem futuro: antes, porque não havia água; agora, porque há água a mais.
- Estás a dizer-me que fizeram a maior barragem da Europa e não serve para nada?
- Vai servir para regar campos de golfe e urbanizações turísticas, que é o que nós fazemos mais e melhor.
Apesar do sol de frente, impiedoso, ela tirou os óculos escuros e virou-se para me olhar bem de frente:
- Desculpa lá a última pergunta: vocês são doidos ou são ricos?
- Antes, éramos só doidos e fizemos algumas coisas notáveis por esse mundo fora; depois, disseram-nos que afinal éramos ricos e desatámos a fazer todas as asneiras possíveis cá dentro; em breve, voltaremos a ser pobres e enlouqueceremos de vez.
Ela voltou a colocar os óculos de sol e a recostar-se para trás no assento. E suspirou:
- Bem, uma coisa posso dizer: há poucos países tão agradáveis para viajar como Portugal! Olha-me só para esta auto-estrada sem ninguém!